Vivíamos em uma cultura que negava qualquer mérito às obras literárias, considerando-as importantes apenas quando eram criadas para algo aparentemente mais urgente, a ideologia. Este era um país onde todos os gestos, mesmo os mais particulares, foram interpretados em termos políticos. As cores do lenço da minha cabeça ou da gravata de meu pai eram símbolos de decadência ocidental e tendências imperialistas. Não usando barba, apertando a mão com membros do sexo oposto, batendo palmas ou assobiando em reuniões públicas, também eram consideradas ocidentais e, portanto, decadentes, parte da trama dos imperialistas para derrubar nossa cultura.


(We lived in a culture that denied any merit to literary works, considering them important only when they were handmaidens to something seemingly more urgent-namely ideology. This was a country where all gestures, even the most private, were interpreted in political terms. The colors of my head scarf or my father's tie were symbols of Western decadence and imperialist tendencies. Not wearing a beard, shaking hands with members of the opposite sex, clapping or whistling in public meetings, were likewise considered Western and therefore decadent, part of the plot by imperialists to bring down our culture.)

📖 Azar Nafisi

 |  👨‍💼 Escritor

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O autor reflete sobre uma sociedade que descarta o valor das obras literárias, vendo -as apenas como ferramentas para expressões ideológicas. Nesse ambiente, mesmo as escolhas mais pessoais são politizadas, transformando atos cotidianos em declarações sobre lealdade ou rebelião contra ideologias dominantes. O significado dos símbolos, como roupas e higiene, torna -se ampliado, pois estão associados a influências ocidentais consideradas corruptas.

Essa atmosfera cria uma tensão entre expressão individual e conformidade política, onde ações simples são examinadas por sua lealdade percebida a ideais locais ou estrangeiros. A experiência do autor destaca como o contexto cultural pode suprimir a liberdade pessoal em nome da pureza ideológica, tornando a arte e a literatura como secundária ao discurso político.

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janeiro 27, 2025

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