O Cristianismo também é uma religião de continuidade e descontinuidade. É sobre o que permanece igual e o que muda num piscar de olhos. Ambas são verdades necessárias, mas às vezes é importante acentuar a descontinuidade, o salto repentino, a forma como você sobe numa árvore, Zaqueu, e desce santo.
(Christianity is a religion of continuity and discontinuity as well. It's about what stays the same and what changes in the twinkling of an eye. Both are necessary truths, but sometimes it's important to accentuate the discontinuity, the sudden leap, the way you go up a tree, Zacchaeus, and come down a saint.)
Esta citação capta lindamente a tensão dinâmica no cerne da fé cristã – o equilíbrio entre constância e transformação. A noção de que o Cristianismo abrange tanto a continuidade como a descontinuidade sublinha o seu profundo reconhecimento de que as vidas humanas e as jornadas espirituais são marcadas pela estabilidade, bem como por momentos de mudança decisiva. Muitas vezes, o crescimento espiritual é apresentado como um processo gradual, enfatizando a perseverança constante; no entanto, existem ocasiões cruciais – os “saltos repentinos” – que definem a nossa transformação. A história bíblica de Zaqueu exemplifica isto: um publicano que encontra Jesus e experimenta uma mudança imediata e profunda que o leva a tornar-se uma pessoa diferente. Tais momentos destacam o poder transformador da fé – que um único encontro ou realização pode subitamente impulsionar alguém através de um limiar de um estado de ser para outro. Reconhecer estes momentos é vital, porque eles nos lembram que o crescimento na fé não se trata apenas de melhorias incrementais, mas também pode envolver intervenções divinas ou mudanças inesperadas que redefinem as nossas identidades. Abraçar tanto a continuidade como a descontinuidade encoraja os crentes a valorizar a sua tradição e herança, ao mesmo tempo que permanecem abertos a transformações radicais – aqueles “saltos” que podem exigir que abandonemos o nosso antigo eu e abracemos novas formas de viver e de pensar. Esta perspectiva promove a resiliência e a humildade, reconhecendo que a mudança é intrínseca à maturidade espiritual e que muitas vezes os avanços surgem subitamente, iluminando o nosso caminho de formas que não poderíamos ter previsto – por vezes num piscar de olhos.